Marcas da mística nas práticas pedagógicas da educação superior

análise da Licenciatura em Educação do Campo e suas interpenetrações na Licenciatura Intercultural Indígena da UFGD

Resumo

A Mística, compreendida como ação pedagógica e política originária de manifestações ligadas à luta pela Reforma Agrária, constitui-se em prática político-pedagógica dos movimentos sociais, notadamente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Após a criação das modalidades Educação do Campo e Educação Escolar Indígena, bem como das licenciaturas específicas e diferenciadas, incorporou-se à docência, imbricando simultaneamente um fazer pedagógico e político. Tendo em vista garantir a permanência na educação, movimentos e entidades passaram a formular ações pautadas no direito à educação e no respeito pela identidade dos seus sujeitos; entre elas, destaca-se a pedagogia da alternância e a prática constante da Mística como ferramenta pedagógica específica dessa educação. Neste viés, argumenta-se que a Mística, enquanto ação pedagógica e política, configura-se como prática docente específica da Licenciatura em Educação do Campo (LEDUC) e da Licenciatura Intercultural Indígena “Teko Arandu” da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Por meio da abordagem qualitativa, este estudo recorre a pesquisa documental e iconográfica a partir da análise de fotografias e artefatos culturais, buscando identificar quais práticas constituem a mística no âmbito da Educação Superior e em quais momentos ela se materializa. A análise da Mística indicou que os sujeitos envolvidos nos processos da Educação do Campo têm desenvolvido práticas políticas, pedagógicas e artísticas no sentido de fortalecer os territórios, as lutas, a existência e a resistência na universidade e no campo, rumo a uma epistemologia libertadora com o protagonismo de camponeses e indígenas em processos interculturais.